- Área: 47082 m²
- Ano: 2016
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Fotografias:Joe Fletcher
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Fabricantes: Hansgrohe, Poliform, Serge Ferrari
Descrição enviada pela equipe de projeto. A primeira vez que visitei o terreno, percebi o deserto com a água no fundo em uma linha horizontal, diáfana, clara e senti a enorme pulsão da água em meio a um sol calcinante. Este pedaço de terra na costa repleta de "All Inclusives Resorts" deveria ser uma caixa que contivesse seu próprio mar e quase seu próprio ar. A circunstância do universo havia criado um deserto unido ao mar em uma linha horizontal na paisagem mais minimalista e pura que pode desenhar um horizonte. Ao mesmo tempo, esta paisagem contrastava com o que os humanos pensam e constroem como estético, batizado de arquitetura. Eu quis desenhar minha própria versão, isolada do resto.
Acredito que a maior virtude da arquitetura é a criação de sensações, através do espaço transcorre uma série de planos no âmbito sensitivo, acredito que esta capacidade é maior quando o entorno permite que você se misture a ele e então, forme parte do seu próprio espaço. Neste sentido, levou-se em conta o horizonte para colocá-lo em primeiro plano, a água transcorre e margeia todo o projeto, todos os volumes abrem-se ao mar e dão as costas a cidade que é o resto do entorno carregado de ruído. É uma espécie de Medina aberta ao mar. Cada volume flutuante contem volumes interiores que são, a sua vez, universos independentes, cada dormitório contem visualmente um pedaço de mar, ninguém se abstém de vê-lo.
Sempre acreditei que a construção não evoluiu em relação a outras atividades, o automóvel, por exemplo, em 100 anos passou de uma charrete ao que conhecemos hoje. O Pavilhão de Mies Van Der Rohe, em essência, é muito parecido ao que acontece hoje. Hoje, vemos estruturas não necessariamente complicadas, mas pouco complexas, dispersas em um mundo de propostas arriscadas que formam uma paisagem atual que chamamos de moderna ou contemporânea, mas que não evoluiu muito.
Cada habitação foi construída em fábrica. Poliform foi nosso aliado, construímos todo o corpo interior e o mandamos em caixas por contêineres até seu destino, montadas no local por mão-de-obra também local. Em poucos dias uma habitação estava pronta com uma qualidade sujeita a ditadura de uma máquina e a sabedoria de uma mão que dedicou sua vida a isso. Não há espaço para improvisação, mas feita com inteligencia, imaginação e empenho. Aprendi dos fabricantes alemães e italianos o que, às vezes, toda uma vida na escola ou nos livros não ensinaria.
Nosso projeto pode ser construído através deste processo, empregando um módulo cuja versatilidade lhe permite dividir-se ou somar-se para ser uma estrutura autônoma ou dependente de outra. Nosso módulo principal, por exemplo, é uma espécie de loft, dividindo pela metade são duas habitações, as mais simples, somando o módulo é um apartamento de dois, três ou quatro dormitórios. Também forma-se uma casa, somando dois volumes ou quatro, o importante é a versatilidade deste corpo que pode ser totalmente feito na fábrica e amigavelmente construído no local.